Educação ambiental e justiça social: análise de argumentações dos estudantes em um caso sobre tartarugas
DOI:
https://doi.org/10.15536/reducarmais.9.2025.4132Palavras-chave:
Educação ambiental, Justiça social, Argumentação de Toulmin, Tartaruga-verde, Estudo de casoResumo
Este estudo teve como objetivo analisar as argumentações de alunos do 1º ano do curso técnico em Meio Ambiente do IFRJ, utilizando a estrutura de Toulmin, para propor soluções equilibradas a um estudo de caso envolvendo a tartaruga-verde (Chelonia mydas) impactada pela ação de um indivíduo em situação de vulnerabilidade social. A metodologia baseou-se na abordagem qualitativa, com a aplicação de um estudo de caso fictício inspirado em um evento real ocorrido na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Os alunos, divididos em 8 grupos, foram orientados a construir argumentos estruturados em dados, conclusões, garantias, respaldos, qualificadores e refutações, seguindo o modelo de Toulmin (2006). A qualidade das argumentações foi avaliada com base em critérios adaptados de Sadler e Donnelly (2006), que incluíram Posição e Racionalidade, Múltiplas Perspectivas e Refutação. Os resultados mostraram que a maioria dos grupos conseguiu elaborar argumentos coerentes e fundamentados, especialmente no que diz respeito à proteção da tartaruga-verde e aos impactos ecológicos da interrupção da desova. Por exemplo, muitos grupos destacaram a importância da espécie para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e os efeitos negativos da perda de biodiversidade. No entanto, observou-se uma lacuna significativa na abordagem das questões sociais, como a vulnerabilidade do indivíduo envolvido, evidenciando a necessidade de maior integração entre justiça social e conservação ambiental. Enquanto alguns grupos mencionaram a importância de políticas públicas para apoiar pessoas em situação de rua, poucos desenvolveram propostas concretas que equilibrem as necessidades humanas e a proteção ambiental.A análise dos argumentos revelou que os alunos demonstraram maior facilidade em discutir os aspectos ecológicos do caso, como a redução da população de tartarugas e o desequilíbrio ecológico, em comparação com as questões sociais. Isso sugere que há uma necessidade de ampliar a abordagem pedagógica para incluir uma perspectiva mais holística, que considere tanto a conservação das espécies quanto as condições humanas que influenciam e são influenciadas por essas questões. Além disso, a aplicação do esquema de Toulmin mostrou-se eficaz para desenvolver habilidades argumentativas, mas é essencial promover uma maior reflexão sobre as interconexões entre problemas ambientais e sociais. Conclui-se que a estrutura de Toulmin é uma ferramenta valiosa para a educação ambiental, permitindo que os alunos construam argumentos sólidos e fundamentados. No entanto, é fundamental que futuras intervenções pedagógicas incentivem uma abordagem mais integrada, que considere tanto os aspectos ecológicos quanto sociais. Isso preparará os alunos para enfrentar desafios socioambientais de forma crítica e inclusiva, contribuindo para a formação de profissionais e cidadãos conscientes e responsáveis.
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