Vieses manhosos de uma academia que acha não os ter
DOI:
https://doi.org/10.15536/reducarmais.4.2020.2038Palavras-chave:
Ensaio Crítico, Formação Docente, Escola.Resumo
Talvez por conta da pandemia de 2020, as pessoas estejam mais contritas e sensíveis. Temos visto algumas reiterações da pedagogia do amor, em geral citando Maturana, que tem sido o principal patrono da ideia. Nada mais necessário, também verdadeiro. No entanto, fica o gosto amargo de hipocrisia institucional, ao vermos que nosso sistema de ensino é tudo, menos pedagogia do amor. Pode soar a pieguice sonsa. Vejo alguns educadores encantados com a ideia, pelos quais tenho o maior respeito, porque sei de sua integridade e competência acadêmica, mas fico pensando até que ponto é viável curtir esta ideia da pedagogia do amor, não só porque é estranha ao contexto eurocêntrico cartesiano, mas porque soa a cortina de fumaça para encobrir uma política educacional incrivelmente perversa. Aprendizagem quase não existe, sobretudo no Ensino Médio (EM), não levamos quase nada para a vida da escola e a série histórica do Ideb desde 1995 escancara um sistema inepto, para não dizer inútil, sem perspectiva de mudança. A miséria educacional atravessa os governos, independentemente da ideologia, porque o instrucionismo é a postura padrão, hoje globalizada, também acolhida oficialmente no PISA: o sistema é tipicamente de “ensino”, instrução, baseada na aula copiada para ser copiada, conteudista, tal qual aprecia a escola privada.
Downloads
Referências
ANUÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (ABEB), 2019. Todos pela Educação/Moderna. São Paulo - https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/302.pdf
ARMSTRONG, E.A. & HAMILTON, L.T. 2013. Paying for the party – How college maintains inequality. Harvard U. Press, Cambridge.
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). 2018. Educação é a Base. MEC, Brasília - http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
BID - ELACQUA, G., HINCAPIÉ, D., VEGAS E., ALFONSO, M. 2018. Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo? BID, N.Y. https://publications.iadb.org/handle/11319/8953
BOK, D. 2017. The struggle to reform our colleges. Princeton U. Press.
BOURDIEU, P. 1996. A Economia das Trocas Linguísticas. EDUSP, São Paulo.
BRASIL É UMA ‘VERGONHA’ EM QUALQUER PARÂMETRO DE ENSINO, diz Ministro. Educação G1 – http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/11/brasil-e-uma-vergonha-em-qualquer-parametro-de-ensino-diz-ministro.html
BRENNAN, J. & MAGNESS, P. 2019. Cracks in the Ivory Tower: The moral mess of higher education. Oxford U. Press.
CAMPELLO, T. & NERI, M.C. (Orgs.). 2013. Programa Bolsa Família – Uma década de inclusão e cidadania. Ipea, Brasília.
CAPLAN, B. 2018. The case against education: Why the education system is a waste of time and money. Princeton U. Press.
COELHO, E.C. 1988. A Sinecura Acadêmica: A ética universitária em questão. Vértice, Rio de Janeiro.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 2020. Câmara dos Deputados. https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/constituicao1988/arquivos/ConstituicaoTextoAtualizado_EC%20105.pdf
COTTOM, T.M. 2017. Lower Ed: The troubling rise of for-profit colleges in the new economy. The New Press, N.Y.
DARLING-HAMMOND, L. & LIEBERMAN, A. (Eds.). 2012. Teacher Education around the World – Changing policies and practices. Routledge, London.
DARLING-HAMMOND, L. 2013. Getting teacher evaluation right: What really matters for effectiveness and improvement. Teachers College Press, N.Y.
DEMO, P. 2016. PNE – Uma análise crítica. Papirus (e-book).
DEMO, P. 2017. Alfabetização 2016 – https://docs.google.com/document/d/e/2PACX-1vQZyfes8Nys6c3e6bm54EpZS_RpPrjIehI3Ftp93KlJ8UL3uR4p312rPZpmnxZkmnaUvsutE_Rm19oA/pub
DEMO, P. 2017a. Sobral está sobrando! O que Sobral tem que outros não têm? https://docs.google.com/document/d/1LmTbbbQMUuU49L-a8Wlei-TdwcttStuQ4UboW2SMIlY/pub
DEMO, P. 2017b. Questionando a graduação – https://docs.google.com/document/d/1y-OhRkIY-Lb_Y2P-0eVntZZQBY79MbPY4fSdA8TSol4/edit
DEMO, P. 2018. Atividades de aprendizagem – Sair da mania do ensino para comprometer-se com a aprendizagem do estudante. SED/Gov. MS, Campo Grande – https://drive.google.com/file/d/1FKskDCxNB422PVhrjrDjD48S4cjsb77-/view
DEMO, P. 2019. Direitos Humanos Supremacistas à Brasileira – De como fabricar cidadanias privilegiadas – https://drive.google.com/file/d/1q9IkToL5jPHSSfEXbJa8DAy8n-KWORjM/view
DEMO, P. 2019a. Resistências “federais” à EaD. https://drive.google.com/file/d/1bdO3v_nF24Hb1U-5HqiSoCEIFForihjK/view
DEMO, P. 2020. Em nome do nada, amém! – https://drive.google.com/file/d/182RhCgiaid1rnSPL7exQyzre_2kBR6mq/view
DEMO, P. 2020a. Educação à Deriva – À direita e à esquerda: instrucionismo como patrimônio nacional – https://drive.google.com/file/d/10nMlgL8N9GKFgwtnbL-bIn7GQf0HdyA4/view
DEMO, P. 2020b. O que resta da escola na vida – https://drive.google.com/file/d/1swMQ-4m1DKJ4Nhfa_CbxrR4upYKZLPBG/view
DEMO, P. 2020c. Renda Básica – https://drive.google.com/file/d/1y6VdrxfgsUQ2Fbwx-QiQyfdlBMAutVcJ/view
DEMO, P. 2020d. Igualdade é coisa de pobre – privilégio é o que importa – Ensaios sobre manobras de exclusão social e políticas educacionais. Amazon.
DEMO, P. 2020e. Aprender com suporte digital – Atividades autorais de aprendizagem – https://drive.google.com/file/d/1eyB_EJS-20fMQ73QIyZxx_8qbvT577aO/view
DERESIEWICZ, W. 2014. Excellent sheep – The miseducation of the American elite & the way to a meaningful life. Free Press, N.Y.
FOUCAULT, M. 1977. Vigiar e punir - História da violência nas prisões. Vozes, Petrópolis.
FUMAGALLI, A., GIULIANI, A., LUCARELLI, S., VERCELLONE, C. 2019. Cognitive capitalism, welfare and labor: The commonfare hypothesis. Routledge.
GERRISH, S. & SCOTT, K. 2018. How smart machines think. The MIT Press.
GOLDSTEIN, D. 2014. The Teacher Wars: A history of America’s most embattled profession. Doubleday, N.Y.
HABERMAS, J. 1980. A Crise de Legitimação do Capitalismo Tardio. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.
HABERMAS, J. 1989. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.
HARARI, Y.N. 2015. Sapiens: A brief history of humankind. Harper, London.
HOFFMAN, D. 2015. Vemos a realidade como ela é? TED – https://www.ted.com/talks/donald_hoffman_do_we_see_reality_as_it_is?language=pt-br
HOFFMAN, D. 2019. The case against reality: Why evolution hid the truth from our eyes. Norton, N.Y.
HUBBARD, D.W. 2010. How to Measure Anything: Finding the Value of Intangibles in Business. Wiley, N.Y.
IOSCHPE, G. 2004. A Ignorância Custa um Mundo - O valor da educação no desenvolvimento do Brasil. Francis, São Paulo.
LEE, K-F. 2018. AI Superpowers: China, Silicon Valley, and the new world order. Houghton Mifflin Harcourt, N.Y.
MEANS, A.J. 2018. Learning to save the future: Rethinking education and work in an era of digital capitalism. Routledge, London.
MELO, W. 2017. Professores(as): lutar pela democracia e valorização! Sinpro Pernambuco – https://sinpropernambuco.org/1951-2/
MÉSZÁROS, I. 2004. O Poder da Ideologia. Boitempo, São Paulo.
MILANOVIC, B. 2019. Capitalism, alone – The future of the system that rules the world. Harvard U. Press.
OLIVEIRA, F. & RIZEK, C.S. (Orgs.). 2007. A Era da Indeterminação. Boitempo, São Paulo.
PACCHIONI, G. 2018. The overproduction of truth: Passion, competition, and integrity in modern science. Oxford U. Press.
PACHECO, J. 2014. Aprender em Comunidade. SM, São Paulo.
PACHECO, J. 2019. Inovar é assumir um compromisso ético com a educação - https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/KtbxLrjNcfBChBxsgpmHXhZzHrrcrFTklB?projector=1&messagePartId=0.1
PIKETTY, T. 2020. Capital and Ideology. Harvard U. Press.
RINDERMANN, H. 2018. Cognitive Capitalism – Human Capital and the wellbeing of nations. Cambridge U. Press.
RUSSELL, S. 2019. Human Compatible – Artificial intelligence and the problem of control. Viking, N.Y.
SCHMIDT-SALOMON, M. 2005. “Ich weiss nur dies, dass ich kein Marxist bin...” – Karl Marx und die Marxismen – Aufklärung und Kritik, Sonderhefte 10/2005 - http://www.schmidt-salomon.de/marxismen.pdf
SCHNEIDER, S. 2019. Artificial You: AI and the future of your mind. Princeton U. Press.
SFEZ, L. 1994. Crítica da Comunicação. Loyola, São Paulo.
SPAUTZ, D. 2019. Escolas federais custam menos que as militares e têm desempenho superior no Enem. NSC TOTAL, 8 de Janeiro – https://www.nsctotal.com.br/colunistas/dagmara-spautz/escolas-federais-custam-menos-que-as-militares-e-tem-desempenho-superior
WU, T. 2016. The attention merchants: The epic scramble to get inside our heads. Knopf, London.
YOUNG, M. 1958. The rise of the meritocracy, 1870-2033. Pellican.
ZHAO, Y. 2012. World class learners: Educating creative and entrepreneurial students. Corwin, N.Y.
ZHAO, Y. 2014. Who is afraid of the big bad dragon: Why China has the best (and the worst) education system in the world. Jossey-Bass, San Francisco.
ZHAO, Y. 2018. What works may hurt – Side effects in education. Teachers College Press.
ZHAO, Y. 2018a. Reach for greatness: Personalizable education for all children. Corwin, Thousand Oaks.
ZUBOFF, S. 2019. The Age of Surveillance Capitalism: The fight for a human future at the new frontier of power. Profile Books, N.Y.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Pedro Demo, Renan Antônio da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pela Revista Educar Mais, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do trabalho e, ao enviar o artigo para a revista, está garantindo que tem a permissão de todos para fazê-lo. Da mesma forma, assegura que o artigo não viola direitos autorais e que não há plágio no trabalho. A revista não se responsabiliza pelas opiniões emitidas.
A Revista Educar Mais é de acesso aberto (Open Access), sem que haja a necessidade de pagamentos de taxas, seja para submissão ou processamento dos artigos. A revista adota a definição da Budapest Open Access Initiative (BOAI), ou seja, os usuários possuem o direito de ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar e fazer links diretos para os textos completos dos artigos nela publicados.
Todos os artigos são publicados com a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Os autores mantém os direitos autorais sobre suas produções, devendo ser contatados diretamente se houver interesse em uso comercial dos trabalhos.